domingo, 15 de abril de 2012

Adolescência e Juventude: oportunidades e possibilidades

           


         No que se refere ao âmbito das políticas públicas nacional, a conceituação sobre adolescência é registrada no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA – lei federal nº 8.069), promulgado em 13 de julho de 1990, no qual o artigo segundo considera adolescente aquele entre doze e dezoito anos de idade. Com relação à juventude no âmbito das políticas públicas, o governo federal tem considerado a juventude em uma faixa-etária de 15 a 29 anos.
Contudo, não podemos considerar a definição de adolescência e juventude nos pautando em um conceito unidirecional referente à faixa etária do sujeito, assim como também não podemos desprezá-la.
Devemos levar em consideração o complexo processo de socialização que se tornam diferenciados em contextos temporais e espaciais as quais estão inseridos, afinal, a trajetória de adolescentes e jovens no âmbito de sua vida econômica, política e sócio-cultural influenciam e muito, sua formação como sujeitos, ou seja, a formação de jovens está impregnada de elementos sócio-culturais que refletem na sua identidade e no seu fazer social como produto de suas vivências.
As definições e conceituações de grande parcela da sociedade baseiam suas opiniões no senso comum, pois frequentemente rotulam adolescentes e jovens com termos negativos, pois são vistos como “a idade problema”, os “aborrecentes” que apresentam comportamentos imaturos, agressivos, egocêntricos ou rebeldes.
       A sociedade que homogeniza sua visão pré-conceituosa, dificilmente conseguirá entender os jovens como sujeitos de direitos capazes de atuarem significativamente na realidade social a qual estão inseridos.
Neste contexto, é de extrema importância que a sociedade crie não somente oportunidades, mas também possibilidades para que os jovens possam atuar realmente como protagonistas juvenis, não se bastando apenas como coadjuvantes nas decisões tomadas por outros atores.
Contudo, para um jovem atuar como protagonista, não basta pautar-se em ações, direcionamentos e/ou ideais sem consistência, pelo contrário, um jovem cuja formação identitária, ideológica, ética, moral são concretos, honestos e coerentes, criam caminhos para que estes atuem realmente como protagonistas.
Porém nossas idealizações não fazem parte da realidade de milhares de jovens, para comprovar tal afirmação podemos citar um exemplo freqüente em nosso cotidiano: a didática adotada por professores e/ou educadores dentro de instituições escolares, onde, muitos profissionais ainda têm impregnado o conceito tradicional do ensino, bastando-se apenas como meros transmissores de conhecimentos. E quando faço esta colocação, não me basto apenas em instituições de ensino públicas, mas também as privadas, que preparam e direcionam o ensino dos alunos apenas para prepará-los para vestibulares. Neste contexto, como conseguiremos formar cidadãos críticos capazes de atuarem como “protagonistas juvenis”?
           Como exigir certos posicionamentos dos jovens se nós adultos, em muitas situações, também não somos capazes de fazê-lo? 
         Em casos extremos, vemos que muitos adolescentes e jovens perdem a oportunidade de se tornar protagonistas quando seus direitos são violados e, consequentemente sua condição de ser “adolescente/jovem” é roubada para desempenharem, desde cedo, papéis que extrapolam o que seria natural para sua idade e amadurecimento cognitivo, social e psicológico, quando por exemplo, assumem muito cedo uma vida sexualmente ativa e consequentemente a falta de estrutura em muitas situações, leva-os a assumirem maternidade/paternidade precoces ou por exemplo; quando a condição social e econômica familiar os levam a abandonar os estudos para poderem trabalhar e garantir um meio de subsistência para si e para a família; sem contar casos quando são ´´apresentados´´ ao mundo das drogas e se respaldam no tráfico para suprir necessidades, vontades e sonhos materiais de poder proporcionar uma vida melhor para si e para a família. Estes são apenas grãos de areia, de muitas problemáticas que levam os jovens a ultrapassarem todas estas etapas e assumirem para si uma vida adulta sem respaldo, estrutura e dignidade, principalmente em meios sociais em situação de risco e vulnerabilidade.
    Diante de nossa triste realidade, acredito que não podemos ficar neutros diante da realidade que nos cerca, afinal temos um grande desafio pela frente. E para retratar este desafio, o poema Tecendo a Manhã de João Cabral de Melo Neto, pois seus dizeres descrevem o potencial de um trabalho coletivo, destacando que “um galo sozinho não tece uma manhã”, pois “precisará sempre de outros galos”. Mas como tornar real esse trabalho coletivo com nossos adolescentes e jovens? Como conseguir que outros galos (pessoas) apanhem esse grito e lutem por uma juventude protagonista e transformadora? Como tecer novas manhãs para instituições excludentes e conseguir o exercício de um trabalho democrático?
      Não possuímos respostas prontas para estas indagações, mas devemos acreditar que o trabalho com adolescentes e jovens, seja nas instituições escolares, ONGs, pastorais, entre outros, para que ajude na melhora de perspectiva de vida destes é essencial que seja sempre ancorado na ação coletiva dos sujeitos envolvidos.


Foto disponível em: http://ohomemeamente.blogspot.com.br/2012/03/adolescencia-uma-metamorfose-de.html

Texto de autoria da colega Danielle Corral sobre a adolescência e Juventude no Brasil.




sábado, 14 de abril de 2012

Mundo Jovem



Ambas as músicas mostram as mais diversas realidades existentes, as desigualdades inseridas pelos jovens. Uma forma de refletir através de músicas criativas e com vocabulário juvenil , uma maneira de comunicar e denunciar realidades e dificuldades.




 
Ambos os vídeos foram retirados do site You Tube.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A IMPORTÂNCIA DE SE PENSAR POLÍTICAS PÚBLICAS E OS DIREITOS HUMANOS E SOCIAIS DOS ADOLESCENTES E JOVENS






É impossível pensar numa sociedade democrática sem as organizações políticas, e é impossível pensar a política sem participação. A participação é um ato voluntário pessoal. Participar é quando a pessoa tem capacidade de tomar parte com consciência para definição dos rumos que ela deseja influir. Assim, o ato de participar é o exercício cotidiano de fazer política. Toda pessoa que interage torna-se um ser político. Na participação a pessoa se faz presente e responsável pelas ações do bem comum. A participação exige movimento, situar-se em uma condição e lugar.

Pensando assim, políticas públicas é o lugar onde se dá a luta e a busca de direitos coletivos, em disputa por diferentes classes e segmentos . É uma forma de atuar que coloca ao alcance de todos os serviços, os bens e os equipamentos públicos. As políticas públicas existem para responder aos interesses comuns dentro da sociedade. Sendo públicas devem ser de responsabilidade do Estado, ou seja, têm de ser mediadas pelos governos em suas instâncias: municipal, estadual e federal. São os governos responsáveis por torná-las parte do fazer e da agenda pública.
Para que aconteçam as políticas públicas, são necessários os atores sociais que são aqueles que fazem parte do processo de definição das políticas públicas e, ao exercerem funções, mobilizam os recursos necessários para realizá-las. Os atores podem ser individuais ou coletivos e públicos que são entendidos como os consumidores, empresários, trabalhadores, mídia, terceiro setor, ONGs, ou privados que são os que tem a capacidade de decidir sobre as políticas, com sua construção e execução, são os gestores públicos, políticos, juízes, parlamentares, burocratas. O entendimento do papel destes atores é fundamental para a compreensão de como surgem e se constroem as políticas públicas. Os atores são aqueles que têm uma coisa em jogo no tocante a uma questão e que possuem algum tipo de recurso e poder que podem vir a ganhar ou perder. Portanto, podem ser afetados pelas decisões e ações.
Os atores também podem ser os cidadãos comuns que reagem através do voto e das manifestações organizadas e estão situados nos movimentos sociais, nas igrejas, ONGs e fundações, atuando como fiscais sociais ou inseridos em relações que envolvem parcerias e convênios.  
São esses atores que deverão buscar a criação de políticas públicas visando que todos os indivíduos possam garantir os seus direitos.
Os Direitos Humanos são as garantias fundamentais para a vida humana. São os direitos civis reconhecidos e conquistados perante a lei. Podem ser entendidos como direitos civis e políticos. Os direitos civis são aqueles que respaldam as garantias de ir e vir, opinar, pensar e acreditar. Os direitos humanos são conquistas inalienáveis de todos os membros da família humana, são o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, reconhecendo que esses direitos emanam da dignidade inerente à pessoa humana. São direitos políticos que garantem a soberania, exercida através do voto nos referendos e plebiscitos. Daí serem entendidos como direitos universais, que implicam ao Estado a responsabilidade de garanti-los.
No Brasil, a garantia de direitos está prevista em alguns documentos, tais como: Lei de Resíduos Sólidos de 2010; Lei Maria da Penha de 2006; Guia de Direitos Humanos de São Paulo de 2004; Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos de 2003; Estatuto do Desarmamento de 2003; Estatuto do Idoso de 2003; Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) de 2002; Plano Nacional de Educação Lei nº 10.172 de 2001; Relatório sobre a Tortura no Brasil de 2001; Prioridade de Atendimento a Idosos, Deficientes e Gestantes Lei nº 10.048 de 2000; Lei de Crimes Ambientais de 1998; Programa Estadual de Direitos Humanos de São Paulo de 1997; Plano Municipal de Direitos Humanos (PMDH) de 1997; Plano Nacional Anti-Drogas de 1997; LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social de 1993; ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990; Código de Defesa do Consumidor, de 1990; entre outros. Fonte: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Table/Direitos-Humanos-no-Brasil/

Todas essas conquistas só ocorreram porque existiram atores sociais que se mobilizaram para que a garantia de direitos fosse uma realidade.
Esses movimentos começam a retomar suas bandeiras de luta, seja com a pressão para garantir  os Direitos Humanos, seja com o desgaste desses regimes e com a proposição de uma democracia cidadã.
A Igreja Católica no Brasil e em outros países da América Latina teve grande influência com a juventude, criando uma forte organização das suas categorias a partir da socialização juvenil em uma Ação Católica Especializada nos meios estudantil, agrário, universitário, operário e independente. Essa mobilização possibilitou que seus membros e a Igreja construíssem um pensamento social cristão que tinha na participação cidadã a busca de propiciar que grupos excluídos da sociedade passassem a contar com novas condições de vida, tanto em termos de recursos quanto de valores para uma nova leitura do que é ser cristão.
Historicamente, as políticas públicas de juventude começaram a ser desenhadas no Brasil na segunda metade da década de 1990.

Com a conquista do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente,  a garantia de direitos da infância e da juventude surge, por meio da Promotoria da Infância e da Juventude, o Ministério Público, que é um instrumento a favor da defesa e do cumprimento do que se estabelece no Estatuto.

Já a juventude, historicamente, é excluída das políticas públicas em função de o poder público não “enxergar” suas peculiaridades e necessidades específicas. Percebe-se que nos últimos anos, há ausência de políticas públicas voltadas aos jovens, assegurando escola, profissionalização, oportunidade de emprego que consequentemente melhora a qualidade de vida.
                        Essa compreensão dos adolescentes e jovens serem sujeitos de direitos é novidade para os gestores e governos, secretarias e atores sociais estratégicos que implementam projetos de promoção desta geração.
Pensar políticas de juventude exige assegurar uma integralidade de ações e parâmetros com diferentes interfaces, como carência básica (moradia, saúde, segurança, educação...), intervenções sócio-educativas, preventivas e educativas (drogas, DST, AIDS...), tendo a família como transversalidade.
As demandas mais apresentadas pelos jovens são o acesso ao emprego; educação de qualidade; saúde da adolescência e da juventude; esporte e lazer; cultura; empreendedorismo e segurança.
De acordo com o Sistema de Garantia de Direitos,
O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente constitui-se na articulação e integração das instâncias públicas governamentais e da sociedade civil, na aplicação de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos da criança e do adolescente, nos níveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal. No entanto, após quase 18 anos de implantação do ECA este sistema na prática, não está integralmente institucionalizado e vem trabalhando de forma desarticulada, com problemas na qualificação de seus operadores e isto causa prejuízo na implementação de políticas públicas que garantam os direitos assegurados pela legislação em vigor. Fonte: http://www.direitoshumanos.gov.br/spdca/sgd

Não podemos considerar as políticas públicas para a juventude como ações direcionadas somente a um segmento da sociedade ou grupo de interesse, isso é um equívoco, pois os jovens são o futuro de todos nós, o futuro da nossa sociedade, e as ações geram consequências em toda comunidade.
Se beneficiarmos toda a família, melhorando a qualidade de vida nas cidades, diminuindo a criminalidade e contribuindo para a economia em geral estaremos contribuindo para que haja desenvolvimento. Devemos pensar em diversas áreas como na educação, possibilitando escolas melhores com cursos que gerem capacitação e profissionalização, na inclusão digital para que os jovens tenham maior probabilidade de conseguirem o seu primeiro emprego qualificando para o mercado de trabalho. Precisamos de investimentos também ao esporte, com construção de centros e parques esportivos, incentivando a prática de exercício para toda a família, melhorando sua qualidade de vida.
Portanto, diante de tudo isso é necessário criar condições para que os jovens busquem e lutem pelos seus direitos. Conscientizando também o poder público de que investir em educação, esporte, lazer, cultura e políticas públicas voltadas para empoderar os jovens  é a melhor opção, tendo em vista que com isso, há diminuição da criminalidade, ou seja, investir na juventude não representa um gasto, mas sim um grande investimento para o futuro do País.


                           BIBLIOGRAFIA
BRASIL  Convenção sobre os direitos da criança <http://www2.mre.gov.br/dai/crianca.htm>. Último acesso em 29/10/2011

CASTRO, Jorge Abrahão; AQUINO, Luseni (org). Juventude e políticas sociais no Brasil. Brasília: IPEA, 2008, 153p. Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/Livro_JuventudePoliticas.pdf>. Último acesso em 29/10/2011

DAHER Jorge.  ·O que são políticas públicas para a juventude <http://www.overmundo.com.br/overblog/o-que-sao-politicas-publicas-para-a-juventude>  . Último acesso em 29/10/2011



MARCILIO, Profa Dra Maria Luiza. Universidade de São Paulo (USP) Biblioteca Virtual de Direitos Humanos http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Table/Direitos-Humanos-no-Brasil/  ultimo acesso em 29/10/2011

BRASIL, Secretaria de Direitos Humanos. Sistema de Garantia de Direitos http://www.direitoshumanos.gov.br/spdca/sgd ultimo acesso em 29/10/2011




Texto de autoria da colega Lucy Orniz sobre a questão das políticas públicas e direitos humanos.


Foto disponível em: http://uepbonline.blogspot.com.br/2011/12/por-que-e-para-que-direitos-humanos_14.html


quinta-feira, 12 de abril de 2012

O EXERCÍCIO DE AMAR .

''Os artistas não devem se meter com a política. Não sei se isto está correto ou não, mas, hoje não quero falar sobre política ...ou políticos. Prefiro falar sobre algo que está acima de tudo isso. AMOR. Porque o amor...está precisando de líderes. E os líderes.. estão precisando de amor. Por que é tão difícil amar e entender um ao outro? Pode segurar a mão da pessoa que está junto de você? E você diria que a ama? Que a perdoa? Pode amá-lo? Pode amá-la? Pode me amar? Pode amar a eles, e a ele, e a ele?''  (Shakira - Octavo Dia)




Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=k2fiSIikCMY

SER JOVEM NO BRASIL: UMA QUESTÃO DE ENFRENTAR INCOMPREENSÃO E CONVIVER COM DESIGUALDADES.


    


    A fase da adolescência é vista por diversos estudiosos e especialistas como em transformação constante, principalmente no desenvolvimento físico, psicológico, biológico, cognição, social e em termos da maturação da personalidade, caráter, identidade e subjetividades inerentes a cada indivíduo. É uma fase da vida marcada por inconstâncias, dúvidas e muitos anseios quanto ao futuro e ao desconhecido. É também uma etapa entre a infância e a vida adulta. Geralmente a adolescência é associada com a puberdade, e as referências de transformações já citadas, sobretudo as de ordem sexual e fisiológicas. De acordo com Aberastury (1981) o adolescente sente a necessidade de afirmação perante o meio social, por meio de sua identidade e ideologias e clama por uma liberdade vigiada e com limites:


Toda a adolescência tem, além da característica individual, as características do meio cultural, social e histórico desde o qual se manifesta, e o mundo em que vivemos nos exige mais do que nunca a busca do exercício da liberdade sem a violência para restringi-la (Aberastury, 1981, p.22).
         
   
   Porém,  segundo Knobel (1981), ressalta como condicionantes, os aspectos relacionados ao social e ao cultural na adolescência, de tal maneira que podem ser praticamente universais:




A etapa da vida durante a qual o indivíduo procura estabelecer sua identidade adulta, apoiando-se nas primeiras relações objeto-parental internalizada e verificando a realidade que o meio social lhe oferece, mediante o uso dos elementos biofísicos em desenvolvimento á sua disposição e que por sua vez tendem á estabilidade da personalidade num plano genital, o que só possível quando consegue o luto pela identidade infantil. (Knobel, 1981, p.26).
      

        Este mesmo autor, ainda descreve algumas peculiaridades típicas da adolescência:


Busca de si mesmo e da identidade; tendência grupal; necessidade de intelectualizar e fantasiar; crises religiosas, que podem ir desde o ateísmo até o misticismo mais fervoroso descolarização temporal, onde o pensamento adquire as características de pensamento primário; evolução sexual manifesta, que vai do autoerotismo até a heterossexualidade genital adulta; atitude social reivindicatória com tendência anti ou associais, de diversa intensidade contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta, dominada pela ação e constitui a forma de expressão conceitual mais típica deste período da vida; na separação progressiva dos pais; e constantes flutuações do humor e do estado de ânimo (p.29).

       E é nesse contexto marcado por muitas características, que a juventude torna-se fragilizada se não houver um acompanhamento por parte da família, do Estado, dos seus responsáveis e pela sociedade. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, por meio do artigo 227, defende esta articulação virtuosa entre tais atores. Ainda sim, é notado, jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de maneira crescente.  Envolvidos no cometimento de atos infracionais diversos, o que prova que o Brasil ainda precisa avançar no seu tratamento Estatal e de assistência social e psicológica aos jovens e as suas famílias.

        Além desse cuidado mais específico com a juventude, reconhecer seus direitos e participação é fundamental para construir um caminho do diálogo e de prioridades de prevenção a problemas que os afetam diretamente.

        A realidade brasileira, no entanto, é bastante complexa e contraditória em relação às questões juvenis. As políticas públicas, por exemplo, ainda não priorizam as demandas necessárias e quando realizadas não atendem ao público programado, ou ainda, o efeito de suas benesses é pouco notado. O Estado precisa se atentar quanto a esse tipo de demanda, pois é essencial em histórias individuais dos jovens, em destaque para as de prevenção do submundo do crime e as que ajudam no auxílio à profissionalização e a prática de esportes.

          Por isso, ser jovem no Brasil é antes de tudo um desafio, primeiro por ter de enfrentar a falta de espaço e voz na sociedade, além de incompreensões relativas ao seu período de vida e a sua realidade social. E segundo por ter que lidar com as diversas desigualdades sociais existentes. Isso é verificado no não acesso igualitário a educação, a saúde, ao direito de moradia com dignidade, as oportunidades de profissionalização, de lazer, acesso a cultura e outros mais. Então, é possível deduzir, a existência de muitas juventudes num só país, algo prejudicial para o desenvolvimento, pois não prioriza seu alicerce numa construção de futuro. Portanto a prevenção é a único meio de auxiliar a juventude frente as mais diversas vulnerabilidades que estão expostas. Segundo ressalta Gomes (2004):
                                                             
 [...] dentre as características mais importantes dessa política econômica liberal destacam-se o individualismo, o consumismo, a alta taxa de desemprego, forte exclusão social, marginalização de grande parcela da população, ausência de políticas públicas na área da educação, saúde, lazer, etc. Parece não haver dúvida que todos esses fatores influenciam decisivamente na criminalidade urbana [...] o jovem consegue superar duas ou três dessas características negativas, mais que isso, seu ingresso na via criminosa é quase inevitável [...].

    Num cenário como descrito por Gomes (2004) é complexo vislumbrar mudanças significativas ao público jovem, e este quadro reforça infelizmente, as dificuldades de ser um jovem no Brasil e ter seu respeito consolidado. Para tanto, cabe ao Estado modificar esta realidade. É bem evidente que mudanças de níveis sociais citados são paulatinas, mas incorporar esta responsabilidade é também zelar pela cidadania, pela participação política, pelo acesso ao direito negado e por uma consolidação de progresso. É válido pontuar a importância de preservar e prevenir com eficácia e eficiência a problemática da delinquência juvenil, tão comum na sociedade brasileira e pelo visto pouco combatido, mesmo com a vigência da legislação que assegura os adolescentes, tanto a âmbito nacional quanto ao internacional.

    Na prática ocorre é a vinculação da imagem do jovem visto como um portador de problemáticas sociais, como bem descreve Abramo (1997):

A tematização da juventude pela ótica do ―problema social é histórica e já foi assinalada por muitos autores: a juventude só se torna objeto de atenção enquanto representa uma ameaça de ruptura com a continuidade social: ameaça para si própria ou para a sociedade. Seja porque o indivíduo jovem se desvia do seu caminho em direção à integração social — por problemas localizados no próprio indivíduo ou nas instituições encarregadas de sua socialização ou ainda por anomalia do próprio sistema social —, seja porque um grupo ou movimento juvenil propõem ou produz transformações na ordem social ou ainda porque uma geração ameace romper com a transmissão da herança cultural.

    Esta vinculação enquanto recorrente é bastante negativista e ultrapassada, pois inibi o processo de mudanças de um Estado que não prioriza a juventude como potencialidade participativa e sujeitos de direitos.
   
     A guisa de conclusão é valioso salientar a vital função do seio familiar para lidar com as inquietudes juvenis frente ao cenário brasileiro de desigualdades e incompreensões variadas, conjuntamente com os meios social, religioso, de auxílio psicológico, aos profissionais que lidam com os jovens, educadores, professores, profissionais da pastoral juvenil que auxiliem um caminho de compreensão da realidade e de questionamentos as suas causas.

   A posição do Estado é também meio de solucionar muitos dos problemas e dar mais visibilidade aos jovens e ao crescimento em diversas áreas. Bem como uma ativa participação da sociedade em acompanhar o universo juvenil em especial, como forma de garantir uma nova mentalidade para as próximas gerações.  


                                 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 ABERASTURY, Arminda. O adolescente e a liberdade. In: ABERASTURY, Arminda & KNOBEL, Maurício. Adolescência normal: Um enfoque psicanalítico. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1981. Cap. 1. p. 13-29.

Abramo, Helena Wendel. Considerações sobre a Tematização Social da Juventude no Brasil. [Periódico]. - São Paulo. Departamento de Sociologia da USP. : [s.n.], 1997

GOMES, Luis Flávio. Neoliberalismo, Urbanização desordenada e Miséria =Criminalidade e Violência. Disponível em http://www.proomnis.com.br/publique_html/article. php?store=20040705160644153.  Acesso em: 27/ 03/2012. 





Texto de autoria da colaboradora do blog, Isabôhr Mizza, sobre as questões das desigualdades do universo jovem presentes no Brasil. 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O protagonismo juvenil na nova era digital.



É expressivo o impacto das novas tecnologias no dia a dia da juventude. Com base nelas, a juventude reinventa suas práticas e estilos, o que resulta no remodelamento de novas personalidades, identidades e expressões, pois a constituição destes elementos citados (personalidade, identidade e expressão) pelo fato de estarem em desenvolvimento nesta nova era digital, refletem nas relações que a juventude estabelece e vivencia junto a essas novas tecnologias.
Contudo, nós seres humanos sabemos que as novas tecnologias se utilizadas sem finalidades produtivas, dizem muito pouco do ser humano, principalmente se esta é pautada em uma forma desvinculada das relações sociais. É por esta razão que os jovens na apropriação destes novos e modernos meios de comunicação têm ficado em grande parte restritos ao consumo e como consequencia, apesar de seu papel imprescindível no mundo de hoje, mesmo, como principais consumidores dessas tecnologias, os jovens não têm utilizado na devida medida estas modernidades e não tem tirado proveito destes recursos como enriquecimento pessoal, social e intelectual, ficando restritos a ambientes de relacionamento virtual. Contudo, devemos explorar o lado positivo destes recursos, pois, se usados de forma mais produtiva irão ajudar na formação de identidades e estilos de vida de amplas parcelas da juventude.
E neste contexto, a juventude precisa estar atenta para que seja de fato protagonista e não vítima de um mau uso das novas tecnologias digitais, afinal, quem define o que é “ser jovem” é o próprio jovem e não o que os meios de comunicação estimulam a partir de propagandas.
Não queremos aqui apontar somente aspectos negativos desta nova era digital, devemos valorizar os benefícios que ela nos traz e colocá-la como direito humano, mesmo sabendo que por enquanto, garantir estes direitos é um desafio da própria juventude e que serão conquistados se associarmos o protagonismo dos jovens como criadores e principais consumidores destas novas tecnologias.



Texto de autoria da colega Danielle Corral, acerca do protagonismo juvenil na atualidade.