O fenômeno da
globalização apesar de ser relativamente recente, é de origem bastante antiga
na história mundial. Porém apenas depois dos séculos XX e início do XXI que seu
significado e peculiaridades tomaram as formas conhecidas atualmente, com seus
benefícios e malefícios. Atualmente a questão cultural é internacionalizada bem
como costumes, hábitos e celeridade nas informações. A tecnologia da informação
é fundamental no transcorrer de todo esse processo.
Sobre a conceituação de globalização, destacou Fiori:
[...] ninguém tem dúvidas de que o conceito [de
globalização] procura dar conta de uma nova formatação capitalista gerada nas
últimas décadas pelo incessante processo de acumulação e internacionalização
dos capitais. Como tampouco pairam mais dúvidas de que esta nova formatação
econômica, envolve aspectos e dimensões tecnológicas, organizacionais,
políticas, comerciais e financeiras que se relacionam de maneira dinâmica
gerando uma reorganização espacial da atividade econômica e uma claríssima
re-hierarquização de seus centros decisórios (FIORI, 1995, p. 6, grifo nosso).
Essa globalização
pode ser entendida como uma integração em todas as áreas pertinentes ao mundo
contemporâneo respectivamente. Atinge diversas sociedades e quase todos os
indivíduos, sobretudo, atinge o público juvenil. Por certo este fenômeno só se
dá efetivamente pelo predomínio da comunicação e seus meios em escala
internacional. Assim o desenvolvimento da comunicação é necessário para
concretizar a globalização e o intercâmbio de informações. O autor Thompson
ressalta a seguir:
A produção e a circulação das formas simbólicas nas
sociedades modernas é inseparável das atividades das indústrias da mídia. O
papel das instituições da mídia é tão fundamental, e seus produtos se
constituem em traços tão onipresentes da vida cotidiana, que é difícil, hoje,
imaginar o que seria viver num mundo sem livros e jornais, sem rádio e
televisão, e sem os inúmeros outros meios através dos quais as formas
simbólicas são rotineira e continuamente apresentadas a nós. Dia a dia, semana
a semana, jornais, estações de rádio e televisão nos apresentam um fluxo
contínuo de palavras e imagens, informação e ideias, a respeito dos
acontecimentos que têm lugar para além de nosso ambiente social imediato. (...)
As indústrias da mídia nem sempre desempenharam papel tão fundamental. O
surgimento e o desenvolvimento dessas indústrias foi um processo histórico
específico que acompanhou o surgimento das sociedades modernas. As origens da
comunicação de massa podem ser ligadas ao século XV (THOMPSON, 1995, p.
219-220)
Esses meios de
comunicação são condicionantes para dialogar com os jovens. Através da
televisão, rádios, internet, redes sociais, e outros meios. Certamente, é
possível verificar que tais meios representam uma influência considerável nos
costumes, hábitos, pensamentos, condutas, ações e atitudes dos jovens. O poder
midiático comunicativo pode também ajudar a propagar novos conceitos e
consciência de uma postura crítica frente a realidade das juventudes, o que
seria benéfico para prevenir situações-problemas inerentes ao universo juvenil,
tal qual podem ser: campanhas nacionais para combater o uso e o tráfico de
entorpecentes nesta faixa etária, em propagandas que incentivem a contracepção
na idade juvenil no intuito de alertar a responsabilidade do ato sexual na adolescência
como forma de prevenir gravidez indesejada, propagandas que incentivem o apoio
popular em causas sociais pertinentes a juventude, incentivar por meio da mídia
ao ato de votar na juventude como forma de praticar sua cidadania, engajar os
jovens na luta ambiental. Entretanto, infelizmente nem sempre é a realidade
desejada, uma vez que é percebido o aumento de cenas de violência e propagando
interesses capitalistas de marcas e empresas, reduzindo a juventude a meros
indivíduos em potencial de consumir e dar lucratividade ao sistema.
As diferenças
econômicas e sociais evidenciadas no Brasil podem culminar muitas vezes na
criminalização da juventude sob o ponto de vista da sociedade e do Estado. E
isso ocorre quando adolescentes cometem atos infracionais por motivos variados,
tanto os que são economicamente mais frágeis e estão vulneráveis, quanto os de
classe média e alta da sociedade.
É crucial
destacar que a juventude precisa ser vista como portadora de direitos para
construção da sua cidadania e participação política em assuntos que englobam
seu universo. Necessita ser ouvido, ter espaço e voz ativa na sociedade, nesse
quesito, educadores e responsáveis são condicionantes para este tipo de prática.
Todavia, as políticas públicas por parte do Estado devem ser priorizadas.
Portanto
priorizar a educação e o acesso às oportunidades faz diferença na vida desses
pequenos cidadãos em construção. Nesse contexto, aponta a Unesco:
O protagonismo juvenil é parte de um método de
educação para a cidadania que prima pelo desenvolvimento de atividades em que o
jovem ocupa uma posição de centralidade, e sua opinião e participação são
valorizadas em todos os momentos (...). A ênfase no jovem como sujeitos das
atividades contribui para dar-lhes sentidos positivos e projetos de vida, ao
mesmo tempo que condizem à reconstrução de valores éticos, como os de
solidariedade e responsabilidade social. (UNESCO, 2002, p.62)
Os desafios que
abrangem o universo juvenil são os mais variados, preocupações relativas com o
futuro e seus desdobramentos, bem como nível de escolarização, oportunidades no
mercado profissional, vida pessoal e projetos inerentes aos jovens . A conquista
de sua liberdade e independência frente à modernidade está em foco no
cotidiano. Cabe, portanto, à família, ao Estado e a sociedade ajudar o jovem se
desenvolver com sucesso e respeito.
CASTRO, Mary, et al. Vocabulário de sentidos. In: Cultivando vida,
desarmando violências: experiências em educação, cultura, lazer, esporte e
cidadania com jovens em situação de pobreza. 3 ed. Brasil: UNESCO, 2002.
FIORI, José Luis da Costa. A governabilidade democrática na Nova Ordem
Econômica. Revista Novos Estudos, Rio de Janeiro, v. 43, p. 1-21, 1995.
THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na
era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.
Texto de autoria da colaboradora do blog, Isabôhr Mizza, sobre o impacto da globalização e comunicação no universo jovem.
Foto disponível em: http://cds-golega.blogspot.com.br/2010/05/politicas-de-juventude.html .