É impossível pensar numa sociedade democrática sem as organizações políticas, e é impossível pensar a política sem participação. A participação é um ato voluntário pessoal. Participar é quando a pessoa tem capacidade de tomar parte com consciência para definição dos rumos que ela deseja influir. Assim, o ato de participar é o exercício cotidiano de fazer política. Toda pessoa que interage torna-se um ser político. Na participação a pessoa se faz presente e responsável pelas ações do bem comum. A participação exige movimento, situar-se em uma condição e lugar.
Pensando assim, políticas
públicas é o lugar onde se dá a luta e a busca de direitos coletivos, em disputa
por diferentes classes e segmentos . É uma
forma de atuar que coloca ao alcance de todos os serviços, os bens e os
equipamentos públicos. As políticas públicas existem para responder aos
interesses comuns dentro da sociedade. Sendo públicas devem ser de
responsabilidade do Estado, ou seja, têm de ser mediadas pelos governos em suas
instâncias: municipal, estadual e federal. São os governos responsáveis por
torná-las parte do fazer e da agenda pública.
Para que aconteçam as políticas públicas,
são necessários os atores sociais que são aqueles que fazem parte do processo
de definição das políticas públicas e, ao exercerem funções, mobilizam os
recursos necessários para realizá-las. Os atores podem ser individuais ou
coletivos e públicos que são entendidos como os consumidores, empresários,
trabalhadores, mídia, terceiro setor, ONGs, ou privados que são os que tem a
capacidade de decidir sobre as políticas, com sua construção e execução, são os
gestores públicos, políticos, juízes,
parlamentares, burocratas. O entendimento do papel destes atores é fundamental
para a compreensão de como surgem e se constroem as políticas públicas. Os
atores são aqueles que têm uma coisa em jogo no tocante a uma questão e que
possuem algum tipo de recurso e poder que podem vir a ganhar ou perder.
Portanto, podem ser afetados pelas decisões e ações.
Os atores também podem ser os cidadãos
comuns que reagem através do voto e das manifestações organizadas e estão
situados nos movimentos sociais, nas igrejas, ONGs e fundações, atuando como
fiscais sociais ou inseridos em relações que envolvem parcerias e convênios.
São esses atores que deverão buscar a
criação de políticas públicas visando que todos os indivíduos possam garantir
os seus direitos.
Os Direitos Humanos são as garantias
fundamentais para a vida humana. São os direitos civis reconhecidos e
conquistados perante a lei. Podem ser entendidos como direitos civis e
políticos. Os direitos civis são aqueles que respaldam as garantias de ir e vir,
opinar, pensar e acreditar. Os direitos humanos são conquistas inalienáveis de
todos os membros da família humana, são o fundamento da liberdade, da justiça e
da paz no mundo, reconhecendo que esses direitos emanam da dignidade inerente à
pessoa humana. São direitos políticos que garantem a soberania, exercida
através do voto nos referendos e plebiscitos. Daí serem entendidos como
direitos universais, que implicam ao Estado a responsabilidade de garanti-los.
No Brasil, a garantia de direitos está
prevista em alguns documentos, tais como: Lei de Resíduos Sólidos de 2010; Lei
Maria da Penha de 2006; Guia de Direitos Humanos de São Paulo de 2004; Plano
Nacional de Educação em Direitos Humanos de 2003; Estatuto do Desarmamento de
2003; Estatuto do Idoso de 2003; Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH)
de 2002; Plano Nacional de Educação Lei nº 10.172 de 2001; Relatório sobre a
Tortura no Brasil de 2001; Prioridade de Atendimento a Idosos, Deficientes e
Gestantes Lei nº 10.048 de 2000; Lei de Crimes Ambientais de 1998; Programa
Estadual de Direitos Humanos de São Paulo de 1997; Plano Municipal de Direitos
Humanos (PMDH) de 1997; Plano Nacional Anti-Drogas de 1997; LOAS – Lei Orgânica
da Assistência Social de 1993; ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente de
1990; Código de Defesa do Consumidor, de 1990; entre outros. Fonte: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Table/Direitos-Humanos-no-Brasil/
Todas essas conquistas só ocorreram
porque existiram atores sociais que se mobilizaram para que a garantia de
direitos fosse uma realidade.
Esses movimentos começam a retomar
suas bandeiras de luta, seja com a pressão para garantir os Direitos Humanos, seja com o desgaste desses regimes e com a proposição de
uma democracia cidadã.
A Igreja Católica no Brasil e em
outros países da América Latina teve grande influência com a juventude, criando
uma forte organização das suas categorias a partir da socialização juvenil em
uma Ação Católica Especializada nos meios estudantil, agrário, universitário,
operário e independente. Essa mobilização possibilitou que seus membros e a
Igreja construíssem um pensamento social cristão que tinha na participação
cidadã a busca de propiciar que grupos excluídos da sociedade passassem a
contar com novas condições de vida, tanto em termos de recursos quanto de
valores para uma nova leitura do que é ser cristão.
Historicamente, as
políticas públicas de juventude começaram a ser desenhadas no Brasil na segunda
metade da década de 1990.
Com a conquista do ECA –
Estatuto da Criança e do Adolescente, a garantia
de direitos da infância e da juventude surge, por meio da Promotoria da
Infância e da Juventude, o Ministério Público, que é um instrumento a favor da
defesa e do cumprimento do que se estabelece no Estatuto.
Já a juventude, historicamente,
é excluída das políticas públicas em função de o poder público não “enxergar”
suas peculiaridades e necessidades específicas. Percebe-se que nos últimos
anos, há ausência de políticas públicas voltadas aos jovens, assegurando
escola, profissionalização, oportunidade de emprego que consequentemente
melhora a qualidade de vida.
Essa
compreensão dos adolescentes e jovens serem sujeitos de direitos é novidade para
os gestores e governos, secretarias e atores sociais estratégicos que
implementam projetos de promoção desta geração.
Pensar políticas de juventude exige
assegurar uma integralidade de ações e parâmetros com diferentes interfaces,
como carência básica (moradia, saúde, segurança, educação...), intervenções
sócio-educativas, preventivas e educativas (drogas, DST, AIDS...), tendo a
família como transversalidade.
As demandas mais apresentadas pelos jovens são o acesso ao emprego; educação
de qualidade; saúde da adolescência e da juventude; esporte e lazer; cultura;
empreendedorismo e segurança.
De acordo com o Sistema de Garantia de
Direitos,
O Sistema de Garantia de
Direitos da Criança e do Adolescente
constitui-se na articulação e integração das instâncias públicas governamentais
e da sociedade civil, na aplicação de instrumentos normativos e no
funcionamento dos mecanismos de
promoção, defesa e controle para a
efetivação dos direitos da criança e
do adolescente, nos níveis Federal,
Estadual, Distrital e Municipal. No entanto, após quase 18 anos de implantação do ECA este sistema na
prática, não está integralmente institucionalizado e vem trabalhando de forma desarticulada,
com problemas na qualificação de seus
operadores e isto causa prejuízo na implementação de políticas públicas que garantam os direitos assegurados pela legislação em
vigor. Fonte: http://www.direitoshumanos.gov.br/spdca/sgd
Não podemos considerar as políticas públicas para a juventude
como ações direcionadas somente a um segmento da sociedade ou grupo de
interesse, isso é um equívoco, pois os
jovens são o futuro de todos nós, o futuro da nossa sociedade, e as ações geram
consequências em toda comunidade.
Se beneficiarmos toda a família, melhorando a qualidade de
vida nas cidades, diminuindo a criminalidade e contribuindo para a economia em
geral estaremos contribuindo para que haja desenvolvimento. Devemos pensar em
diversas áreas como na educação, possibilitando escolas melhores com cursos que
gerem capacitação e profissionalização, na inclusão digital para que os jovens
tenham maior probabilidade de conseguirem o seu primeiro emprego qualificando
para o mercado de trabalho. Precisamos de investimentos também ao esporte, com construção
de centros e parques esportivos, incentivando a prática de exercício para toda
a família, melhorando sua qualidade de vida.
Portanto, diante de
tudo isso é necessário criar condições para que os jovens busquem e lutem pelos
seus direitos. Conscientizando também o poder público de que investir em
educação, esporte, lazer, cultura e políticas públicas voltadas para empoderar
os jovens é a melhor opção, tendo em
vista que com isso, há diminuição da criminalidade, ou seja, investir na
juventude não representa um gasto, mas sim um grande investimento para o futuro
do País.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL
Convenção sobre os direitos da
criança <http://www2.mre.gov.br/dai/crianca.htm>.
Último acesso em 29/10/2011
CASTRO,
Jorge Abrahão; AQUINO, Luseni (org). Juventude
e políticas sociais no Brasil. Brasília:
IPEA, 2008, 153p. Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/livros/Livro_JuventudePoliticas.pdf>. Último acesso em 29/10/2011
DAHER Jorge. ·O que são políticas públicas para a juventude <http://www.overmundo.com.br/overblog/o-que-sao-politicas-publicas-para-a-juventude>
. Último acesso em
29/10/2011
MORAES, Sheyla Rosana
Oliveira. Juventude e políticas públicas: o
descobrimento do papel do jovem na transformação de
sua realidade social e educacional. <http://www.enapet.ufsc.br/anais/JUVENTUDE_E_POLITICAS_PUBLICAS_O_DESCOBRIMENTO_DO_PAPEL_DO_JOVEM_NA_TRANSFORMACAO_DE_SUA_REALIDADE_SOCIAL_E_EDUCACIONAL.pdf>
Último acesso em 29/10/2011
SILVA, Marina. Pacto pela juventude: apostar na
juventude é investir no Brasil <http://www.minhamarina.org.br/blog/2010/08/pacto-pela-juventude-apostar-na-juventude-e-investir-no-brasil/> ultimo acesso em
29/10/2011
MARCILIO,
Profa Dra Maria Luiza. Universidade de São Paulo (USP) Biblioteca Virtual de
Direitos Humanos http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Table/Direitos-Humanos-no-Brasil/ ultimo acesso em 29/10/2011
BRASIL, Secretaria de Direitos Humanos. Sistema de Garantia de Direitos http://www.direitoshumanos.gov.br/spdca/sgd ultimo acesso em 29/10/2011
Texto de autoria da colega Lucy Orniz sobre a questão das políticas públicas e direitos humanos.
Foto disponível em: http://uepbonline.blogspot.com.br/2011/12/por-que-e-para-que-direitos-humanos_14.html
Texto de autoria da colega Lucy Orniz sobre a questão das políticas públicas e direitos humanos.
Foto disponível em: http://uepbonline.blogspot.com.br/2011/12/por-que-e-para-que-direitos-humanos_14.html
Excelente a postagem sobre políticas públicas para a juventude, pois as conquistas que temos observado na nossa sociedade em relação às demandas da juventude,são fruto de articulações e mobilização de associações, pastorais, ONGs que trabalham com adolescentes e jovens.
ResponderExcluirAbraço
Concordamos com vocês. As políticas públicas são essenciais para ajudar no desenvolvimento das juventudes. E também da luta das instituições citadas, além de profissionais e ativistas que lutam a favor dos interesses dos jovens. Obrigada pela contribuição valorosa!
ResponderExcluir;)
Olá amigos,
ResponderExcluirUma das definições mais esclarecedoras e desafiadoras sobre Políticas Públicas é a afirmativa presente no texto de vocês: "É O LUGAR ONDE SE DÁ A LUTA E A BUSCA DOS DIREITOS COLETIVOS..." Infelizmente, vivemos a "era do individualismo" e o coletivo, no sentido exato da palavra, pouco vivenciado. Em outra parte do texto, vocês elencam os vários Programas, Projetos, Estatutos, Leis, etc... existentes. Aqui está o nosso ponto de partida, nos unirmos a todos os Grupos, Associações e Instituições que se juntam, se fortalecem e, fazem valer os direitos dos cidadãos e cidadãs brasileiros.
Parabéns pelo texto. Gostei muito!
Exatamente esta o intuito do texto, em alertar a importância do coletivo em prol desta causa, realmente faz a diferença! ;)
ResponderExcluir