No que se refere ao âmbito das políticas públicas nacional, a conceituação sobre adolescência é registrada no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA – lei federal nº 8.069), promulgado em 13 de julho de 1990, no qual o artigo segundo considera adolescente aquele entre doze e dezoito anos de idade. Com relação à juventude no âmbito das políticas públicas, o governo federal tem considerado a juventude em uma faixa-etária de 15 a 29 anos.
Contudo, não podemos
considerar a definição de adolescência e juventude nos pautando em um conceito
unidirecional referente à faixa etária do sujeito, assim como também não
podemos desprezá-la.
Devemos levar em
consideração o complexo processo de socialização que se tornam diferenciados em
contextos temporais e espaciais as quais estão inseridos, afinal, a trajetória
de adolescentes e jovens no âmbito de sua vida econômica, política e
sócio-cultural influenciam e muito, sua formação como sujeitos, ou seja, a
formação de jovens está impregnada de elementos sócio-culturais que refletem na
sua identidade e no seu fazer social
como produto de suas vivências.
As definições e
conceituações de grande parcela da sociedade baseiam suas opiniões no senso
comum, pois frequentemente rotulam adolescentes e jovens com termos negativos,
pois são vistos como “a idade problema”, os “aborrecentes” que apresentam
comportamentos imaturos, agressivos, egocêntricos ou rebeldes.
A
sociedade que homogeniza sua visão pré-conceituosa, dificilmente conseguirá
entender os jovens como sujeitos
de direitos capazes de atuarem significativamente na realidade social a
qual estão inseridos.
Neste
contexto, é de extrema importância que a sociedade crie não somente oportunidades, mas também possibilidades para que os jovens
possam atuar realmente como protagonistas juvenis, não se bastando apenas como
coadjuvantes nas decisões tomadas por outros atores.
Contudo,
para um jovem atuar como protagonista, não basta pautar-se em ações,
direcionamentos e/ou ideais sem consistência, pelo contrário, um jovem cuja
formação identitária, ideológica, ética, moral são concretos, honestos e
coerentes, criam caminhos para que estes atuem realmente como protagonistas.
Porém nossas idealizações não fazem parte da
realidade de milhares de jovens, para comprovar tal afirmação podemos citar um
exemplo freqüente em nosso cotidiano: a didática adotada por professores e/ou
educadores dentro de instituições escolares, onde, muitos profissionais ainda
têm impregnado o conceito tradicional do ensino, bastando-se apenas como meros
transmissores de conhecimentos. E quando faço esta colocação, não me basto
apenas em instituições de ensino públicas, mas também as privadas, que preparam
e direcionam o ensino dos alunos apenas para prepará-los para vestibulares.
Neste contexto, como conseguiremos formar cidadãos críticos capazes de atuarem
como “protagonistas juvenis”?
Como exigir certos posicionamentos
dos jovens se nós adultos, em muitas situações, também não somos capazes de
fazê-lo?
Em
casos extremos, vemos que muitos adolescentes e jovens perdem a oportunidade de
se tornar protagonistas quando seus direitos são violados e, consequentemente sua condição de ser
“adolescente/jovem” é roubada para desempenharem, desde cedo, papéis que extrapolam
o que seria natural para sua idade e amadurecimento cognitivo, social e
psicológico, quando por exemplo, assumem muito cedo uma vida sexualmente ativa
e consequentemente a falta de estrutura em muitas situações, leva-os a
assumirem maternidade/paternidade precoces ou por exemplo; quando a condição
social e econômica familiar os levam a abandonar os estudos para poderem
trabalhar e garantir um meio de subsistência para si e para a família; sem
contar casos quando são ´´apresentados´´ ao mundo das drogas e se respaldam no
tráfico para suprir necessidades, vontades e sonhos materiais de poder
proporcionar uma vida melhor para si e para a família. Estes são apenas grãos
de areia, de muitas problemáticas que levam os jovens a ultrapassarem todas
estas etapas e assumirem para si uma vida adulta sem respaldo, estrutura e
dignidade, principalmente em meios sociais em situação de risco e
vulnerabilidade.
Diante de nossa triste realidade,
acredito que não podemos ficar neutros diante da realidade que nos cerca,
afinal temos um grande desafio pela frente. E para retratar este desafio, o poema Tecendo a Manhã de João Cabral de Melo
Neto, pois seus
dizeres descrevem o potencial de um trabalho coletivo, destacando que “um galo sozinho não tece uma manhã”, pois
“precisará sempre de outros galos”.
Mas como tornar real esse trabalho coletivo com nossos adolescentes e jovens?
Como conseguir que outros galos
(pessoas) apanhem esse grito e lutem por uma juventude protagonista e
transformadora? Como tecer novas manhãs
para instituições excludentes e conseguir o exercício de um trabalho
democrático?
Não possuímos respostas prontas para estas indagações, mas devemos
acreditar
que o trabalho com adolescentes e jovens, seja nas instituições escolares,
ONGs, pastorais, entre outros, para que ajude na melhora de perspectiva de vida
destes é essencial que seja sempre ancorado na ação coletiva dos sujeitos
envolvidos.
Foto disponível em: http://ohomemeamente.blogspot.com.br/2012/03/adolescencia-uma-metamorfose-de.html
Texto de autoria da colega Danielle Corral sobre a adolescência e Juventude no Brasil.
Foto disponível em: http://ohomemeamente.blogspot.com.br/2012/03/adolescencia-uma-metamorfose-de.html
Texto de autoria da colega Danielle Corral sobre a adolescência e Juventude no Brasil.